Stephen Gillett, Richard Cole e Alex Lawes adicionam um pouco de “Molho Ingls” para oGol. A coluna dedicada ao futebol ingls – seja no cenrio de clubes ou seleo. Do “Dog and Duck” a Wembley, de Gazza a Wazza, o Playmaker pretende trazer-lhe novos ngulos sobre as histrias que importam.
A revelação de que a PGMOL (Comissão de arbitragem do futebol inglês) trouxe pilotos e controladores de tráfego aéreo para auxiliar os auxiliares do VAR e árbitros mostra o quão precário está o estado da arbitragem na Premier League e além.
A qualidade da arbitragem nesta temporada parece estar sob escrutínio mais do que nunca, e a divulgação de gravações em particular expôs o quão mal implementado o VAR tem sido desde o início.
Alguns técnicos têm sido particularmente virulentos em seus comentários recentes. No início deste mês, o treinador do Brighton & Hove Albion, Roberto De Zerbi, afirmou que não gostava de “80% dos árbitros da Inglaterra”, criticando seu comportamento em campo – os comentários do italiano lhe renderam um aviso formal esta semana.
Antes disso, o técnico do Arsenal, Mikel Arteta, recebeu uma acusação da FA por seus comentários após a derrota de sua equipe por 1 a 0 para o Newcastle United, com Anthony Gordon marcando um gol controverso. Desde então, Arteta se encontrou com a PGMOL para resolver as diferenças, mas não hesitará caso uma situação semelhante ocorra novamente, elogiando mais abertura por parte dos árbitros.
“Todos nós queremos um jogo melhor, mas para ter um jogo melhor, precisamos ter liberdade de expressão”, disse Arteta. “Respeitosamente, de maneira construtiva, mas temos que promover isso. Se não, você não melhora, então é bom que eles estejam falando diante da mídia e explicando a situação. Acho que traz transparência.”
A transparência é a chave – especialmente quando se trata do VAR. O áudio do gol injustamente anulado de Luis Díaz na vitória do Tottenham sobre o Liverpool mostrou o quão informais eram as conversas.
“Obrigado, parceiro.” “Valeu, parceiro.” “Bem feito, rapazes, bom processo.”
Essas foram as palavras antes que o operador de replay percebesse que o árbitro e os oficiais do VAR não estavam na mesma página em relação à decisão original – nesse ponto, já era tarde demais e o jogo havia continuado.
O VAR foi introduzido na Premier League em 2019, e o fato de os auxiliares e árbitros ainda não terem desenvolvido um sistema que deveria ser óbvio para evitar esse tipo de má comunicação é inacreditável.
Trabalhar com pilotos e controladores de tráfego aéreo é um exemplo extremo de algo que deveria ser senso comum. Esses profissionais lidam com situações potencialmente de vida ou morte, onde a má comunicação tem implicações no mundo real e resulta diretamente em acidentes fatais.
O futebol, apesar do que diz o ditado, não é quase tão importante quanto isso, mas a ideia de falar claramente sobre uma decisão em vez de soar como uma conversa de bar nunca deveria ter sido um problema.
O que não tem ajudado os oficiais da Premier League – ou oficiais de qualquer liga – é a mudança nas regras em reação à tecnologia. Impedimentos e toques de mão estão longe de ser claros, apesar do potencial para a automatização, enquanto a temida frase “claro e evidente” ainda parece muito subjetiva.
Além disso, o Chefe de Arbitragem Howard Webb chamou seus árbitros nesta semana para intervir mais em “pênaltis suaves”, mesmo que não sejam erros “claros e evidentes”. O que isso significa exatamente? Os fãs realmente não sabem, mas podem descobrir em outro grande fim de semana de partidas da Premier League.
Essencialmente, a arbitragem se tornou reativa, respondendo a uma controvérsia de cada vez, esperando encontrar a fórmula perfeita por tentativa e erro. As entidades governantes estão mudando as regras, depois mudando as margens de erro e, em seguida, mudando as regras e margem de erro novamente.
Não é surpresa, então, que técnicos, jogadores, comentaristas e, mais importante, os fãs estejam começando a cansar do VAR.
