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Thiago Motta, o 2-7-2 e o sucesso em Bologna



Seja no 4-2-4 ou no 5-3-2, atravs de jogo de posio ou jogo funcional, respeitando as diversas formas de ver o futebol. Acreditando sempre na beleza do jogo, e nas diversas interpretaes do mesmo. Falo de ttica tentando fugir do professoral, mas sempre buscando ir alm. Como em uma conversa de bar. Sem espao para a saideira.

Natural de São Bernardo, Thiago Motta é um Moleque Travesso, formado na Rua Javari pelo Juventus da Mooca. Ganhou tudo o que foi possível na carreira por Barcelona, Inter e PSG. Disputou uma Copa do Mundo pela seleção italiana, e o país que o acolheu nos tempos de jogador é, também, a sua casa no início como técnico. Em Bologna, Thiago Motta faz um trabalho louvável e coloca o clube da cidade entre os melhores times da Velha Bota. Há muito a se falar sobre Thiago Motta. 

Motta, que trabalhou antes em Genoa e Spezia, já havia comandado o Bologna temporada passada, com 14 vitórias em 34 jogos. Mas a atual temporada colocou o time, e o técnico, em outro patamar. O Bologna está nas quartas da Copa da Itália, após eliminar a Inter nas oitavas, e figura no G4 do Campeonato Italiano. 

A equipe, uma das sensações da temporada na Europa, conta com o protagonismo individual do holandês Joshua Zirkzee, ex-Bayern. Mas é o jogo coletivo fundamentado por Motta que mais chama a atenção na campanha da equipe até aqui. 

Thiago Motta e o 2-7-2

No início de carreira, ainda no time sub-19 do PSG, Thiago Motta idealizou a formação 2-7-2. O ítalo-brasileiro chegou a explicar a formação quando esteve perto de assumir o Genoa, em entrevista para a Gazzetta dello Sport

“Minha ideia é jogar ofensivamente. Um time que atua próximo e controla o jogo, com pressão alta e muita movimentação com e sem a bola. Quero que o jogador que tenha a bola tenha sempre três ou quatro soluções e dois companheiros próximos para apoio”, começou a explicar. 

Questionado sobre o papel do goleiro nessa formação, Thiago Motta explicou que seria na linha de meias, como protagonista na primeira fase de construção. 

“O goleiro conta como um jogador na linha de sete no meio. Para mim, o atacante é o primeiro defensor, e o goleiro é o primeiro atacante. O goleiro começa a jogada, com o pé, e os atacantes são os primeiros a pressionar para recuperar a bola”, defendeu. 

A interpretação correta do 2-7-2 de Motta, entretanto, é através de uma leitura vertical do campo, se contarmos dois alas em cada corredor lateral e sete jogadores no corredor central. 

O início da carreira na Itália

Apesar de almejar o cargo de técnico principal em Paris, Thiago Motta iniciou carreira na Itália, no Genoa. Nos Rossoblu, adotou o 4-3-3 e o 4-2-3-1. Apesar de não ter conseguido grande sucesso por lá, Motta foi recentemente elogiado pelo presidente Enrico Preziosi. 

“Ele interpreta o futebol de uma maneira moderna e, sobretudo, faz os jogadores o amarem. (…) Ele pode chegar em lugares bem maiores (na carreira)”, disse Preziosi. 

No Spezia, seu trabalho seguinte, Motta também adotou o 4-3-3, que nada mais é do que a leitura vertical do 2-7-2, com um lateral e um ponta de cada lado e sete jogadores povoando o corredor central. O papel do goleiro na primeira fase de construção e uma transição ofensiva em uma espécie de 2-4-3-1 trouxeram alguns conceitos aplicados pelo técnico em Paris. 

No Spezia, Motta foi flexível com relação a formação tática, se adaptando sempre ao adversário. Utilizou, também, o 4-1-4-1, e apresentou algumas variações com três zagueiros ao longo das partidas. 

O sucesso no Bologna

Se em Genoa e Spezia Thiago Motta não conseguiu ser um fora de série, sua segunda temporada em Bologna certamente o coloca entre os melhores técnicos do ano na Europa, com um trabalho incontestável. 

Mais uma vez, o 4-2-3-1 é a base do trabalho, com lateral e ponta abertos e um meio bem povoado e a variação natural para o 4-3-3. Lukasz Skorupski, como não poderia deixar de ser, também é figura central na primeira fase de construção. O goleiro polonês varia entre saídas curtas e uma ligação mais direta. 

Motta utiliza o duplo pivô no meio, o que significa mais opções na primeira fase de construção e, também, mais opções para variações táticas. Em caso de pressão alta do rival, por exemplo, um lateral pode avançar no campo para atrair a marcação do ponta adversário, e um dos volantes abre para ocupar o espaço deixado no corredor lateral. 

Essa liberdade posicional, exemplificada com a mudança de um volante para o corredor lateral, facilita a fluidez do time na transição ofensiva. O lateral austríaco Stefan Posch atua muitas vezes invertido, o que favorece sua participação na construção de jogo pelo centro. 

A movimentação de Zirkzee na frente também é fulcral. O atacante atua muitas vezes como um falso 9, se movimentando bastante fora da área e abrindo espaço para as infiltrações dos meias. O escocês Lewis Ferguson, que tem bons movimentos de ruptura, já conseguiu quatro gols na temporada, todos eles de dentro da área. Os pontas dão amplitude ao time e abrem a defesa adversária, buscando, também, vantagem qualitativa nos corredores laterais. 

Na fase defensiva, o Bologna mostra bastante agressividade na pressão pós perda, com blocos altos para tentar recuperar a bola no último terço. Essa pressão vem se mostrando eficiente em diversos momentos da temporada. Caso não haja essa retomada de bola, o time recua os blocos e defende em um uma espécie de 4-4-2 bem compacto. 

Motta travou, até aqui, duelos táticos interessantes, como contra a Inter de Inzaghi e a Atalanta de Gasperini. Talvez nenhum tão simbólico quanto a vitória por 2 a 0 diante da Roma, de José Mourinho, de quem traz alguns conceitos e com quem muito aprendeu nos tempos de Inter. 

O técnico ítalo-brasileiro pegou o elenco perfeito para aplicar sua filosofia de jogo, aceitou se adaptar em pontos necessários e colhe o fruto em campo. Aos 41 anos, está apenas no início de uma carreira que começou com a “provocação” do 2-7-2, e agora é cercada pelos holofotes do sucesso em Bologna. 



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