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Tempo para gastar dinheiro? No Catar, Abel Ferreira teria calendário reduzido pela metade



Mais um ano, mais um título importante para o currículo. Abel Ferreira tem lugar garantido entre os melhores treinadores da história do Palmeiras e do futebol brasileiro, em um sucesso que tem também seus efeitos colaterais. Desgastado pela maratona de jogos, com pressão constante ao longo dos seus três anos no Brasil, Abel confessou querer “tempo para gastar seu dinheiro”, em um desabafo sobre o cruel calendário brasileiro. Seria o Catar a solução ideal para o treinador recuperar suas energias?

O mundo árabe tem sido destino de muitos técnicos portugueses, além de astros do futebol mundial, como Cristiano Ronaldo e Neymar. Não faltaram propostas ao longo do ano para Abel seguir para lá. Mesmo com os altos salários que recebe no Palmeiras, o treinador seria alçado a novo patamar nos vencimentos por lá, mas a questão sequer foi cogitada com a temporada em andamento.

Com o fim do Brasileirão e mais um título, o momento é diferente. Há relatos nos bastidores de um acordo encaminhado com o Al-Sadd, do Catar. A decisão não parece, no entanto, já tomada. Abel não confirma a saída, nem a permanência. Até sexta, o treinador tem planos com o Alviverde, com o balanço de 2023 e o planejamento inicial para 2024. Depois disso, é tempo de descanso e reflexão.

Ficar no Palmeiras ou encerrar o ciclo? Veja o que disse Abel Ferreira

O contrato de Abel Ferreira com o Palmeiras é válido até o fim de 2024. Contratos são feitos para serem cumpridos, costuma dizer o treinador. Mas há uma cláusula de rescisão prevista. Além da boa relação entre o treinador e a diretoria. Se decidir sair, Abel o fará por acreditar não ter mais “energias” para seguir no ritmo que lhe rendeu tanto sucesso, e seria difícil para o Alviverde o convencer, tanto financeiramente como nos aspectos logísticos e motivacionais. As declarações do técnico apontam um desgaste que pode ser determinante.

“Vocês sabe que tenho contrato. Mas no futebol não posso garantir nada. Quando vim para aqui não prometi títulos, só uma equipe de qualidade. Eu tenho contrato, mas não sei o que vai acontecer. Vocês também sabe, eu já disse, estou cansado e preciso de férias. Só de pensar que dia 17 já começamos a competir, é muito difícil para mim”, confessou Abel, ainda no gramado, após a conquista do título.

Mais calmo depois, em coletiva de imprensa pós-jogo, Abel Ferreira deixou claro o seu desgaste. Chegou a indicar que o futebol pode ser “ingrato”, em uma crítica suave a como ele e o grupo foram tratados no momento das derrotas antes da arrancada final.

“As expectativas que nós criamos acabam por ser nossas próprias inimigas. Somos vítimas do nosso próprio sucesso. Não sei se os torcedores do Palmeiras estão preparados para que esse treinador perca. Deu para ter uma fotografia um mês atrás de como o futebol pode ser grato ou ingrato, e esse grupo de trabalho merece em todos os momentos que estejamos todos juntos. Merece que nossos torcedores os respeitem sempre. Mesmo nos momentos difíceis essa galera, jogamos mal alguns jogos sim, mas nunca por falta de empenho ou caráter”, desabafou Abel.

Por fim, Abel confessou não saber se tem “energia” para mais uma maratona de jogos. A disputa do Paulista começa cedo, com os adversários se preparando enquanto os clubes da Série A estão de férias. Mas a expectativa vai ser sempre de vitórias, e o treinador sofre só de pensar nessa realidade de mais um ano de pressão sem descanso.

“A decisão pode ser ir para casa. Pode ser ficar em casa e descansar. Só em pensar que dia 5 a 8 tenho que estar aqui (para a pré-temporada) e, se não ganharmos o primeiro jogo, não sei o que vai acontecer. Tenho que pensar com minha família e a decisão, ao contrário do que foi os últimos anos, ela foi sempre tomada por mim de forma egoísta. O futebol tem coisas mágicas, mas outras que nos tira muito”, seguiu no desabafo.

“Não deixa de ser verdade que tenho um bom contrato aqui. Mas quero ter tempo para gastar o meu dinheiro”, reforçou.

Qual seria a realidade de Abel no Catar?

O dinheiro não é o mais importante, ao menos pelo discurso de Abel. De fato, o contrato do treinador o coloca em um patamar alto não apenas no futebol brasileiro, mas também da Europa. O que não quer dizer que os valores não tenham um peso. Mas o mais relevante é a rotina. O Brasil é dono de um dos calendários mais duros do mundo, com um combo de viagens continentais que tornam o Brasileirão o campeonato mais insalubre entre todos os de alto nível no futebol. No Catar, a história seria diferente.

Pegamos o ano de 2023 como referência. O Palmeiras teve um ano relativamente cheio, com disputas do Paulista, Supercopa do Brasil, Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão. Ao fim, foram 73 jogos disputados, praticamente sem descanso. O primeiro jogo foi no dia 14 de janeiro, e o último ontem, dia seis de dezembro. Ao longo do tempo de trabalho, maratonas contínuas de jogos e viagens, muitas vezes sem tempo de recuperação física e com noites perdidas em aeroportos pós-jogos.

A comparação com o calendário no Catar é brutal. Em 2022/23, o Al-Sadd, destino mais provável de Abel Ferreira caso deixe o Palmeiras, atuou em 34 jogos, por quatro competições diferentes. A temporada começou em agosto e terminou em meados de maio. Tempo de sobra para descanso e uma pré-temporada tranquila. Houve ainda uma pausa, longa, no fim do ano, e com apenas um jogo por semana em média ao longo de todo o período competitivo.

Se o problema é tempo para gastar o dinheiro, no Catar Abel Ferreira terá de sobra. Em comparação com o caótico calendário brasileiro, trabalhar no Catar seria quase como um ano sabático bem remunerado…



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