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O ataque de 100 anos e a santíssima trindade no Paraguai



Luz aos esquecidos, onde aqueles andarilhos do futebol vo parar. Onde as traves esto desalinhadas e o campo mal demarcado. Onde os cachorros invadem o gramado e o VAR no foi convidado. Onde?

A santíssima trindade. O triplete. A tríplice coroa. Chame como quiser, ou melhor, se for no Paraguai, chame de Libertad, o primeiro clube a conquistar o feito na história do futebol local. Dono do país de ponta a ponta em 2023, do Apertura ao Clasura e também da Copa, o clube foi liderado às glórias pela experiência veteraníssima de Óscar Cardozo, o craque de 40 anos, e pela referência de Roque Santa Cruz, de 42.

Cardozo, um dos grandes artilheiros do futebol mundial ainda em atividade, bateu a marca de 400 gols na carreira nesta temporada. Ídolo do Benfica, o atacante teve uma carreira de 10 anos no futebol europeu e joga no Libertad desde 2017, mas só agora vive a grande temporada no país natal, de onde saiu como uma promessa em 2006. Artilheiro do Apertura e do Clausura, Óscar Cardozo ganhou moral no país e voltou, após dois anos, para a carente seleção nacional, que tem o pior ataque das eliminatórias com somente um gol marcado.

Ainda mais veterano, Roque Santa Cruz já não tem mais as mesmas valências do passado e é reserva imediato do próprio Cardozo. O atacante é um dos poucos jogadores que disputou a Copa do Mundo de 2002 ainda em atividade – o único que marcou gol naquela copa na ativa. Ou era, ainda a se confirmar uma prometida aposentadoria ao final desta temporada.

O ataque dos 100 anos (na verdade 102) do Libertad, o trio do triplete, nem tem Santa Cruz. É formado pelo camisa 10 Melgarejo, de 33, pelo 7, Óscar Cardozo, de 40, e por Héctor Villalba, que do alto de seus 29 anos até parece um garoto correndo pela ponta direita. Somado, o trio libertador soma 51 gols, quase metade dos 106 feitos pelo clube neste mágico 2023.

Nunca, nem Olimpia ou Cerro Porteño, os principais rivais e expoentes do país, conseguiram o que fez o mais modesto Libertad. Modesto pode soar cruel e injusto para o Libertad, que ano após ano aparece na disputa da Libertadores e é 24 vezes campeão nacional, mas indiscutivelmente não rivaliza em popularidade com os gigantes de Assunção. Basta olhar para o público no Nicolás Leoz, estádio para 10 mil pessoas, que contrapõe com a grandiosidade dos outros estádios, para mais de 40 mil torcedores.

O Libertad teve lá seus momentos de glória no passado, mas foi especialmente neste século que despontou como pedra no sapato dos rivais. 15 dos 24 troféus levantados pelos Gumarelos foram de 2001 para cá, sendo o maior campeão desde então. O Cerro Porteño tem 10 no mesmo período, enquanto o Olimpia, maior campeão do país com 46 campeonatos, só venceu oito.

Em um contexto diferente, a tal Tríplice Coroa só se tornou um feito palpável no Paraguai recentemente. O país, na maior parte da história, contou apenas com dois torneios: o campeonato nacional e a copa. O Campeonato Paraguaio passou a ser dividido em Apertura e Clausura a partir de 2008 e a copa nacional, extinta na década de 90, só voltou a ser disputada como uma nova competição em 2018. Nessa nova era, o paraguaio mais tradicionalista pode até torcer o nariz para assumir que o país tem um novo dono que não é o Cerro Porteño e é alvinegro, mas não atende por Olimpia. É o Libertad.



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