Fora do Eixo um espao para falar de clubes muitas vezes excludos dos debates de futebol, para comentar seus momentos e destaques.
Únicos dois representantes nordestinos na primeira divisão do futebol brasileiro em 2023, Bahia e Fortaleza vivem momentos diferentes nos últimos anos, com o time cearense provando que dá para progredir mesmo com menor orçamento. Em análise dos últimos seis anos, o Tricolor Baiano ficou longe de conseguir o mesmo sucesso do rival, mesmo com orçamentos maiores.
O Bahia retornou à primeira divisão em 2017, após dois anos fora. Antes disso, esteve na Série A de 2011 a 2014. Em 2021, uma nova queda. Ou seja, o máximo que o clube conseguiu foi permanecer quatro anos disputando a Série A. Neste ano, com investimento recorde após ser vendido ao Grupo City, segue com a mesma sina, em árdua luta contra o rebaixamento.
Esse já é o primeiro ponto de divergência entre Bahia e Fortaleza, com o último perto de alcançar um número recorde para a região Nordeste. O Tricolor de Aço retornou à Série A em 2019, após um longo período fora. Desde então já está na sua quinta participação seguida e perto de confirmar a permanência para 2024. Matematicamente ainda não está salvo, mas nunca disputou contra o descenso na atual temporada.
O Fortaleza ainda superou o Bahia historicamente em 2019, seu primeiro ano no Brasileirão. Na ocasião terminou na nona posição, com 53 pontos. Parece pouco, mas o time baiano jamais conseguiu ser top 10 no Campeonato Brasileiro de pontos corridos. No passado recente foi 12º (2017), 11º (2018 e 2019), 14º (2020) e 18º (2021).
Nesses anos de disputa direta no Brasileirão, o Fortaleza só foi muito mal em 2020, quando disputou contra o rebaixamento e se salvou no 16º lugar, por ter melhor saldo de gols em relação ao Vasco. Já no ano seguinte fez um campeonato estupendo, acabando na quarta posição, atrás apenas de Atlético Mineiro, Flamengo e Palmeiras.
A campanha fez o Fortaleza bater o rival regional em outro aspecto, já que garantiu uma vaga para a fase de grupos da Libertadores de 2022. O Bahia, por sua vez, disputou a competição continental pela última vez em 1989, após ser campeão brasileiro (título que o time cearense não tem). Antes disso, o último time nordestino na Libertadores havia sido o Sport, em 2009.
Em 2023, o Fortaleza novamente levou o futebol nordestino ao topo, na quase inédita (não esquecendo o CSA em 1999 na Copa Conmebol) final de uma competição continental: a Sul-Americana. O Bahia, por sua vez, chegou nas quartas de final em duas oportunidades: 2018 e 2020, quando caiu para Athletico Paranaense e Defensa y Justicia, respectivamente.
Melhores resultados com menos dinheiro
Todos esses melhores resultados do Fortaleza foram possíveis mesmo com faturamento menor do que o do Bahia. Em 2019, primeiro ano do Tricolor Cearense na Série A, o faturamento foi de R$ 115 milhões. Já o Tricolor Baiano faturou R$ 189 milhões. Aqui vale a parênteses de que o Esquadrão é um clube que historicamente tem maior endividamento.
Em 2020, com a queda das receitas no mundo do futebol em meio a pandemia de Covid-19, o Bahia teve faturamento de R$ 131 milhões. Em contrapartida, o Fortaleza caiu para R$ 81 milhões (e lutou contra o rebaixamento). No ano seguinte, um salto das duas equipes, com o Fortaleza aumentando seu faturamento para R$ 168 milhões e o Bahia para R$ 209 milhões.
Como o Bahia foi rebaixado para a Série B de 2022, o orçamento caiu drasticamente, sendo impossível uma comparação. Já neste ano, o primeiro sob a gestão do Grupo City, que comprou a SAF do Tricolor, a projeção era de um orçamento de R$ 230 milhões, o que deve ser superado quando as contas forem reveladas, já que estima-se um gasto superior a R$ 100 milhões apenas em contratações de jogadores. As dívidas também já foram quase integralmente quitadas. O Fortaleza também estimou um orçamento recorde para este ano, de R$ 208,6 milhões.
Agora resta esperar a conclusão do Brasileirão para saber se o Bahia irá permanecer na Série A e se com os fortes investimentos do Grupo City fará frente ao Fortaleza, em um particular duelo regional.
