A camisa carrega as cinco estrelas da seleção mundial. O escudo sequer faz esforço para se distinguir do logo da CBF. Plágio ou inspiração? A discussão até agora era pouco relevante para o San Antonio Bulo Bulo. Modesto, o time só ganhou holofotes a partir de 2023, quando conseguiu pela primeira vez um lugar na elite na Bolívia. Mas bastou uma chance para a equipe de Cochabamba fazer história, com título do Apertura e vaga garantida na Libertadores.
O feito do San Antonio Bulo Bulo é tão surpreendente que tem ganhado destaque internacional. Afinal, participar da primeira divisão já era um feito inédito para o clube, fundado em 1962. Vencer parecia impensável. Para completar, os bolivianos foram os primeiros a se classificarem para a Libertadores do próximo ano.
A caminhada foi dura até o título do Apertura. O San Antonio ficou em segundo lugar em seu grupo na primeira fase, atrás do mais tradicional The Strongest. O adversário nas quartas de final foi o Bolívar, gigante local e reforçado pela parceria com o Manchester City. A classificação foi histórica.
Nas semifinais, o rival foi o Independiente Petrolero, e o 6 a 1 no jogo de ida causou espanto, embora fora de casa tenha perdido por 3 a 1. Na curiosa final, com o também surpreendente Universitario de Vinto, o San Antonio venceu por 3 a 2 no agregado.
“Brasileiro” não apenas no escudo
O escudo do San Antonio não é o único elemento brasileiro do campeão. O comando do time está nas mãos de Thiago Leitão. ex-jogador com passagem pela Ponte Preta, e com carreira praticamente toda feita na Bolívia.
Leitão ganhou destaque pelo feito histórico no San Antonio. Mesmo com recursos bem mais modestos que os principais clubes da Bolívia, o brasileiro conseguiu liderar sua equipe ao título inédito, um feito que o próprio trata de valorizar.
“Uma coisa é sair campeão com o Bolívar, é quase uma obrigação. Outra é o fazer com o San Antonio. Vale dez vezes mais”, discursou o técnico, que trabalhou em clubes bolivianos como Aurora, San José e Blooming.
Outro brasileiro da equipe, Daniel Passira reforçou o clube depois de atuar pelo Maranhão e de rodar por clubes do Norte e Nordeste em busca de estabilidade. Com 27 anos, o atacante encontrou seu lugar de destaque, com 10 gols em 13 partidas e vice-artilharia.
O caso mais curioso, no entanto, é do artilheiro Felipe Pasadore, com 12 gols. Argentino, o atacante estava em busca de um clube em 2022 em seu país natal, e com o desespero a bater a porta: chegou a publicar anúncio nas redes sociais se colocando a disposição para jogar. Acabou por encontrar espaço onde não esperava. O resto é história.
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