Fora do Eixo um espao para falar de clubes muitas vezes excludos dos debates de futebol, para comentar seus momentos e destaques.
Há pouco mais de uma semana, no dia 28 de outubro, os torcedores do Fortaleza viveram uma grande decepção. Afinal, chegar na primeira final de Sul-Americana da sua história, vencer por alguns minutos e desperdiçar a chance de sacramentar sua conquista nos pênaltis é para machucar qualquer um.
Mas o resultado não pode causar apenas decepção, mas sim, felicidade e alívio. Também não adianta falar que essa é uma conversa de derrotado. Apesar da frustração, o Fortaleza muito provavelmente terá uma nova chance. É o que mostra o seu projeto até aqui bem sucedido e sua organização. O Tricolor de Aço tem tudo para se consolidar no cenário internacional e buscar um título.
Apesar de bater na trave na Sul-Americana para a tradicional LDU, o Fortaleza vive provavelmente o melhor momento da sua história, com o diferencial de que faz isso há anos, sem dar mostras de que, como nordestinos fizeram outras vezes, era apenas algo passageiro. Oscilações podem acontecer, e provavelmente acontecerão, mas hoje, o Leão é um importante player do futebol Sul-Americano.
O Fortaleza retornou à elite do futebol brasileiro em 2019 e desde então chegou a resultados expressivos. No Brasileirão ficou entre os dez melhores em 2019 e 2021, com um quarto lugar em 2021. Essa foi (com sobras) a melhor posição de um clube nordestino na era dos pontos corridos. Apenas em 2020, o Leão brigou contra o rebaixamento.
O bom resultado não para por aí. Desde 2019, o Fortaleza chegou duas vezes nas oitavas de final, uma nas quartas e uma na semifinal da Copa do Brasil.
As boas campanhas colocaram o Fortaleza em evidência ao disputar competições internacionais. Em 2022 disputou sua primeira Libertadores, algo muito comemorado apesar da queda na fase de grupos. Neste ano caiu na fase prévia da Libertadores, chegou nas oitavas da Copa do Brasil e é meio de tabela no Brasileirão, mesmo priorizando a Copa Sul-Americana. Brigar contra o rebaixamento parece no passado.
A visão de que o projeto do Fortaleza é extremamente bem sucedido e motivo para comemorações mesmo após o título perdido é compartilhada pelo presidente do clube, Marcelo Paz. “O projeto é forte, firme e independe do resultado de hoje. Poderia ser o título, não foi. A gente segue muito firme e quem está sempre chegando uma hora ganha”, disse em pronunciamento após a derrota para a LDU.
Esse desempenho recente mostra um Fortaleza fortalecido, que difere de outros clubes de fora do eixo que conseguiram chegar na final da Copa Sul-Americana, como o Goiás, em 2010, Ponte Preta em 2013 e Chapecoense em 2016. Desses, apenas a Chape conseguiu levar o título, em final que não aconteceu por causa do fatídico acidente de avião que vitimou o elenco do time brasileiro.
Além disso, essas equipes sequer conseguiram se manter com constância na primeira divisão do futebol brasileiro. Atualmente, Chapecoense e Ponte Preta disputam a parte de baixo da Série B do Brasileirão. O Goiás, segue como ‘ioiô’ e é um dos candidatos ao rebaixamento neste ano.
Ainda em estágio diferente, o Fortaleza parece ter potencial de trilhar um caminho parecido com o Athletico Paranaense, que após anos de bons resultados em âmbito nacional conquistou a Copa Sul-Americana em 2018. Ainda repetiu a dose em 2021 e chegou na final da Libertadores no ano passado.
A frustração é compreensível, mas o torcedor só precisa ter um pouco mais de calma, que o Fortaleza está no caminho certo. Se não desviar, terá um título importante para chamar de seu.
