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Do amadorismo ao título da MLS: o papel do acaso na pirâmide do futebol canadense



A Amrica do Norte a terra do Donuts, do Maple Syrup, do Poutine, de calor e frio extremo. Do basquete da NBA, do hockey da NHL, do baseball da MLB. E tambm a terra do soccer.

O Canadá é o segundo maior país do mundo, em área total, superado apenas pela Rússia. São dez províncias e três territórios divididos em uma área de 9 984 670 km². Na única liga profissional de futebol, porém, são apenas oito equipes. O caminho para um atleta chegar ao topo, é árduo. Mohamed Farsi, campeão da Major League Soccer com o Columbus Crew, sabe bem disso. Farsi é um talento que quase foi desperdiçado pela cruel pirâmide de futebol do país. 

Como a maioria dos jogadores da seleção canadense, Farsi é filho de imigrantes. De pais argelinos, nasceu em Montreal, província de Québec, em 1999. Lá, começou a epopeia que terminou na final do principal campeonato de clubes da América do Norte. 

Québec é uma das quatro províncias canadenses com ligas semi profissionais. Alberta, British Columbia e Ontario são as outras três. Cada província tem seu sistema de ligas independente. Além das ligas semi profissionais, as províncias contam, ainda, com ligas completamente amadoras. 

Foi no amadorismo que Farsi começou, já que, diferente do Brasil e da Europa, as equipes profissionais do Canadá, excetuando os três times da Major League Soccer (Vancouver Whitecaps, CF Montreal e Toronto FC), não contam com divisões de base. 

O sistema de formação de atletas no Canadá

Como são formados, então, os jogadores no Canadá? O sistema de formação de atletas é elitizado. A iniciação esportiva, falando especificamente do futebol, é feita nas academies. São escolinhas de futebol, sempre pagas. Os primeiros chutes na bola têm um preço. Para você começar em uma boa academy, logicamente seu investimento terá de ser maior. E você terá, também, de pagar mais por mais treinos ao longo da semana. 

As primeiras competições de base são disputadas por essas academies. Alguns clubes amadores também fazem parte do sistema de formação, mas a lógica é a mesma: até o time principal, você tem de pagar para jogar. 

Farsi começou nas divisões de base do CS Boucaniers, que hoje em dia se uniu com a Rosemont Petite Patrie Soccer Association para formar o CS Montréal Centre, que recebe jogadores do sub-8 ao futebol adulto. Farsi começou a jogar lá aos nove anos, e ficou até os 14. Se mudou para o CS Notre-Dame-de-Grâce e depois para o CS Panellinios, ainda atuando em competições de base da província e no futebol amador. 

Farsi atuou ainda no futebol universitário, no Collège Ahuntsic, antes de chegar no futebol semi profissional. Defendeu primeiro o CS  Longueuil, mas foi no AS Blainville que teve a oportunidade, enfim, de deixar o amadorismo. 

O papel do acaso 

Tudo tem uma participação decisivo do acaso. Campeão da Ligue 1 du Quebec, o Blainville teve a oportunidade de jogar a Canadian Championship, a Copa do Canadá. Foi quando Farsi encontrou o profissionalismo. 

Na época, Diyaeddine Abzi, hoje na segunda divisão espanhola defendendo o Leganés, também brilhou na Copa do Canadá pelo Blainville e foi contratado pelo então York 9, depois York United, clube da Canadian Premier League, a única liga nacional profissional do país. Se Abdzi deu esse passo em 2019, Farsi o seguiu um ano depois, após passagem frustrante pelo Ain Mlila, da Argélia. 

Farsi saiu, então, do amadorismo para a única liga profissional do país, que conta, como já dissemos, com oito clubes. Com a ajuda do acaso. Pela oportunidade, que poucos clubes semi profissionais têm, de jogar na Copa contra um time profissional. 

Na primeira temporada na liga, Farsi concorreu ao melhor jogador sub-21 do ano pelo Calvary. Na segunda temporada, teve ainda mais protagonismo, o que levou a Ohio para defender o Columbus Crew. 

Farsi teve de ter paciência na nova equipe, já que, inicialmente, foi contratado para jogar a MLS Next Pro, uma espécie de Brasileirão de Aspirantes. Foi bem, ganhou as primeiras chances na equipe principal em 2022, e em 2023 se firmou de vez. 

Farsi jogou 41 partidas na temporada pelo Columbus Crew, foi titular em 70% delas, incluindo a grande decisão da MLS Cup. Farsi completou a pirâmide do futebol canadense, de ponta a ponta, passando pelo amadorismo, pela universidade, pelo semi profissional, pelo profissional da CPL, MLS Next Pro e, enfim, MLS. Até a final da MLS Cup, com o troféu em mãos.

Aos 23 anos, o lateral direito canadense é a prova viva de que para você chegar ao mais alto nível na América do Norte, você precisa contar, também, com a sorte (quantos talentos desperdiçados não tiveram a mesma sorte?). Além de jogar muita bola… 



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