Surpresa, surpresa! Dado como certo no São Paulo depois de temporada de destaque no campeão da Copa do Brasil, Caio Paulista tem o futuro indefinido, alvo de uma disputa das mais inesperadas neste mercado que se inicia. O destino pode ser o Palmeiras, campeão brasileiro. Mas como chegamos até aqui?
Não falamos aqui das manobras de mercado, com a abordagem “esperta” – que se provou ingênua – do Tricolor Paulista. Ou da abordagem oportuna, e sem receio de provocar atritos, do rival alviverde. O que é mais difícil de entender nada tem a ver com esse imbróglio, e sim como um atleta foi das críticas e desconfiança a alvo de uma disputa milionária, podendo passar do campeão da Libertadores, para o da Copa, para o campeão Brasileiro, em um intervalo de um ano!
Por sinal, essa história começa a ganhar forma com outro nome muito em voga em 2023: Fernando Diniz.
Necessidade faz surgir o “novo lateral” no Fluminense
A trajetória de Caio Paulista é repleta de altos e baixos, e com tantas experiências que é possível até esquecer que falamos de um atleta de 25 anos, ainda a caminho do auge físico. A força física, por sinal, foi sempre o grande trunfo do atleta, desde os tempos em que chegou ao Fluminense, ainda na base, e onde teve de superar uma das suas primeiras decepções: não conseguiu vingar como profissional nas Laranjeiras.
Caio Paulista teve de tentar a sorte no Avaí, passando ainda pela base antes de chegar ao time principal. O primeiro passo para a afirmação veio em 2019, quando o ponta-esquerda fez 35 partidas pelo time catarinense. Mas foi um ano difícil para o Avaí, rebaixado para a Série B. Ao menos, Caio conseguiu se firmar e retornar a sua antiga “casa”, o Fluminense.
De volta ao Rio de Janeiro, Caio se transformaria logo em um dos preferidos entre os atletas de “segundo tempo” em 2020. Velocidade, força física, bom desempenho no mano a mano – uma boa opção para colocar fogo no jogo quando o desgaste físico era evidente. Mas demorou para a torcida o ver como mais que isso.
Embora visto como promissor dentro do clube, e por parte da torcida, a afobação na hora da definição das jogadas passou a ser o principal alvo das preocupações e críticas. Mesmo titular em boa parte de 2021, Caio Paulista não entregou gols e assistências como o esperado para um jogador de ataque: quatro tentos e três assistências em 45 partidas. Estaria o atleta mesmo à altura da elite nacional?
A resposta para as dificuldades no jogo de Caio Paulista acabaram por ser encontradas por Fernando Diniz, em 2022. Com problemas na lateral esquerda, e a necessidade de manter o vigor físico e competitividade no elenco, o técnico decidiu testar Caio improvisado no setor. Deu certo… Em partes.
Caio Paulista passou a entregar atuações primorosas na lateral esquerda. Incansável e com veia ofensiva, desequilibrou e decidiu jogos. No entanto, a falta de formação na defesa tornou o Fluminense muitas vezes exposto, e os erros de posicionamento eram frequentes. Apesar do saldo positivo, o desgaste dos anos se tornou evidente. Era preciso respirar novos ares, e Caio deixou as Laranjeiras rumo a outro tricolor no início de 2022, sem tempo para participar da campanha da Libertadores.
Lateral de fato no Morumbi: e com destaque
Caio Paulista chegou ao São Paulo para ser opção na lateral do time que havia encerrado a relação com o veterano Reinaldo. Ainda comandado por Rogério Ceni, o São Paulo havia escolhido apostar no prata da casa, o jovem Wellington.
Aos poucos, Caio foi ganhando espaço com o antigo treinador tricolor ainda que, na maior parte das vezes, sendo uma opção para o segundo tempo. Só em abril, com uma grave lesão no tornozelo do principal concorrente, foi que o ex-Fluminense agarrou a chance e não mais saiu dos titulares.
Dorival Júnior assumiu o cargo de técnico do São Paulo em abril e Caio Paulista foi peça importante na revolução vivida pelo clube. Agora lateral a tempo inteiro, o atleta mostrou a conhecida vitalidade e mostrou melhor adaptação defensiva, seu grande calcanhar de Aquiles.
A explosão física e boa chegada ao ataque ficou evidente com um gol no mata-mata da Copa do Brasil. No jogo da volta, diante do Palmeiras, o time do São Paulo perdia a partida quando Caio Paulista invadiu a área e fuzilou o goleiro do Weverton.
Também por causa desse importante gol, Caio caiu nas graças da torcida tricolor. Mas não só. Um “tanque” pelo corredor esquerdo, o lateral demonstrou consistência para chegar ao ataque e também na recomposição. A obediência tática, aliada muita força de vontade, transformaram definitivamente Caio Paulista em peça fundamental para Dorival Júnior.
Chamado do Palmeiras?
O bom ano no Tricolor Paulista fez a compra de Caio ser uma das prioridades da diretoria… Ao menos no discurso. Apesar do valor fixado de 3,5 milhões de dólares (R$ 17,1 milhões), o São Paulo preferiu não pagar o valor dentro do prazo. Ao invés disso, tentou negociar com o Fluminense valor e, principalmente, a forma de pagamento, à espera de uma compra parcelada.
O clima era de otimismo no Morumbi, até pelo desejo do jogador em permanecer. Mas a demora em agir pode ter custado caro. Caio Paulista acabou procurado pelo Palmeiras para entender a sua situação no mercado, apenas para perceber que não havia nada ainda acertado entre o São Paulo e o Fluminense. Apesar de feliz no São Paulo, Caio não teria fechado as portas para o campeão brasileiro.
No momento da publicação deste artigo, Caio Paulista ainda não tinha definido o seu futuro. Os indícios, no entanto, apontam para o Palmeiras.
