O sucesso muitas vezes traz armadilhas. No caso do Paris Saint-Germain, a rotina de títulos sem rivais à altura na França tem tornado os feitos nacionais quase em uma obrigação. Neste domingo, sem grande alarde e mesmo depois de tropeço na rodada, o PSG sagrou-se mais uma vez campeão.
A diferença financeira e de elenco entre PSG e rivais, desde a chegada de investimento do Catar ao clube, tornou-se tão evidente que o Francês se transformou, comparando com nossa realidade, em um “estadual”. Vencer é apenas obrigação. Perder é motivo de crise. Desde 2013, o time parisiense só perdeu o título em duas temporadas.
A impressão atual é que não é preciso sequer fazer grande temporada, ou contar com força máxima, para vencer na França. O PSG perdeu Lionel Messi e Neymar, os maiores craques de Argentina (e do mundo) e Brasil, e conseguiu seguir soberano localmente mais uma vez.
O tempo das grandes estrelas, por sinal, deve chegar ao fim nesta temporada. Kylian Mbappé não entrou em acordo para renovar seu contrato, encerrando um projeto que colocava a sua imagem vinculada ao clube, em uma busca por protagonismo que causou atritos com Messi e Neymar.
A despedida de Mbappé ainda pode ser em grande estilo. Se o título francês não basta mais para o jogador, e para o PSG, a busca pelo troféu inédito da Liga dos Campeões segue viva. Obsessão para ambos, a Champions está nas semifinais, e o próximo rival não é um “bicho-papão”, mas sim o Borussia Dortmund.
Em outros tempos, vencer um título nacional e chegar tão longe na Europa seria motivo de orgulho. Mas nem sempre o sucesso traz felicidade. Para o PSG, nada além da Liga dos Campeões trará a sensação de realização.
Kylian Mbapp
