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Atrasos e descaso comprometem o brilho da Copa do Nordeste



Fora do Eixo um espao para falar de clubes muitas vezes excludos dos debates de futebol, para comentar seus momentos e destaques.

O anúncio da tabela detalhada da Copa do Nordeste saiu quase em silêncio, publicada pela CBF com atraso no fim da noite desta quinta-feira (25). Até então, faltando pouco mais de uma semana para a bola rolar, as equipes sequer sabiam quem iriam enfrentar na primeira rodada, ou mesmo se o fariam em casa ou como visitante.

A coluna apurou que a tabela detalhada da Copa do Nordeste já tinha sido produzida pela CBF, mas precisava da aprovação do presidente Ednaldo Rodrigues antes de ser enviada para as federações estaduais do Nordeste e divulgada à imprensa. O gestor esteve em São Paulo na quinta-feira, 25, para acompanhar a final da Copinha e, apenas na sequência, fez a liberação. 

Antes da divulgação da tabela detalhada, a única definição era dos dois grupos em uma tabela básica, sem detalhamento de cada partida. Ou seja, apenas o calendário com “datas-base”, faltando datas, local e horários das partidas.

A demora para detalhar os confrontos da fase de grupos pode ser justificada, em parte, pela necessidade de conhecer todas as equipes participantes do torneio. Isso só foi possível com o fim da fase preliminar, que definiu os últimos classificados. No entanto, essa definição aconteceu no dia 15 de janeiro, 10 dias atrás. Tempo mais que suficiente para traçar um planejamento.

Pandemia, fim de parceria, descaso e amadorismo: explicações para a queda

A demora para a simples tarefa de detalhar a Copa do Nordeste, dificultando para os clubes se organizarem com antecedência, é só mais um exemplo de como a competição regional, que viveu anos de glória tem sido tratada nos últimos anos. Para contextualizar, a Copa do Nordeste voltou ao calendário nacional em 2013, após acordo judicial entre a CBF e a Liga do Nordeste, no qual a confederação aceitou a organização de dez edições seguidas para não pagar uma indenização de aproximadamente R$ 30 milhões devido à retirada do torneio do calendário oficial em 2003. 

Essa obrigatoriedade deixou de acontecer para a edição de 2023, mas a competição foi continuada por um compromisso assumido pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que é baiano. Em entrevistas da época, dirigentes dos principais clubes nordestinos defenderam a permanência da competição por sua competitividade e rentabilidade, acima dos Estaduais. 

Apesar disso, após anos de sucesso, a Copa do Nordeste parece ter seu prestígio diminuído. Em 2014, o Flamengo admitiu publicamente o interesse em integrar a competição. Em 2018, foi a vez do Goiás tentar fazer parte e enviar até mesmo uma solicitação a CBF para isso. Outros clubes de fora região chegaram a ser apontados ao torneio. 

O auge da Copa do Nordeste foi lindo, com mais de 100 mil pessoas presentes em diversas finais. As edições entre 2015 e 2019 foram sucesso de público e de interesse geral, até de quem não é nordestino. No entanto, os impactos da pandemia foram sentidos e a visibilidade já não foi mais a mesma. 

Em 2018, o Esporte Interativo, grande parceiro e responsável pelas transmissões da Copa do Nordeste, deixou de existir. A competição rodou por streamings de qualidade duvidosa e alguns jogos fantasmas. A CBF chegou a apurar um suposto boicote do canal Nosso Futebol pela qualidade precária das transmissões no ano passado. Ainda em 2023, a mesma CBF perdeu as contas relacionadas ao torneio que somavam mais de 2 milhões de seguidores por uma barbeiragem judicial. 

Chegou 2024 e a chance de fazer diferente, mas acompanhando a forma como a competição tem sido organizada, a CBF parece mais propensa ao descaso. É mesmo uma pena.



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