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A violência venceu mais uma vez e a tragédia é iminente



Fora do Eixo um espao para falar de clubes muitas vezes excludos dos debates de futebol, para comentar seus momentos e destaques.

Uma licença do que é feito normalmente por esta coluna e dessa vez não serão apresentados destaques, crescimentos dos clubes ou projetar bons momentos. O caminho será oposto após o futebol brasileiro presenciar um dos momentos mais graves da sua história nesta semana, quando seis jogadores do Fortaleza ficaram feridos após membros de uma “torcida organizada” do Sport atacarem o ônibus da delegação com pedras e bombas caseiras. 

O atentado criminoso, que podemos chamar de tentativa de homicídio, reflete uma cultura de violência cada vez mais presente e a ineficiência do poder público de alcançar uma resolução. Essa é uma violência de estádio, mas, sobretudo, é só reflexo da violência do Estado como um todo. 

Após o grave ocorrido, o CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, fez um vídeo ainda dentro do ônibus e o cenário era aterrorizante, com vidros destruídos e sangue nas poltronas. O resultado foi de seis jogadores feridos e encaminhados ao hospital para atendimento médico. Entre os casos mais graves estavam o do goleiro João Ricardo, que precisou de seis pontos na cabeça, e do lateral-esquerdo Escobar, com trauma cranioencefálico e a necessidade de 13 pontos no rosto. 

“Eu acho que o Fortaleza só deveria voltar a jogar quando seus jogadores estiverem curados. É injusto o que aconteceu. Como eu vou colocar o time em campo depois do que aconteceu? “E também acho que só deveríamos voltar a campo depois que os bandidos que fizeram isso forem punidos. Tem que ter uma reação de verdade. Só nota de repúdio e lamento não adianta. Vai esperar morrer alguém? Não morreu por intervenção divina”, disse Marcelo Paz, em corajosa e forte entrevista após o atentado.

O CEO ainda fez bons questionamentos: e se fosse um ônibus ‘normal’ passando pela cidade? Por que esses bandidos não são presos? A verdade é que há muito tempo o estádio de futebol e tudo que se refere a esses são tratados como um mundo à parte, como se os crimes cometidos nesse ambiente fossem menos graves. 

Durante a semana, detalhes do que aconteceu foram divulgados, com a notícia de que o ônibus que conduzia a delegação do Fortaleza foi atacado por cerca de 100 pessoas. Por outro lado, a escolta era feita por apenas oito policiais. Esse procedimento, de acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), é o padrão e nunca havia sido registrado nenhum incidente até então.

“Foi um fato isolado, mas o planejamento vai ser revisto. A polícia cessou a agressão e dispersou o grupo para realizar o socorro imediato”, afirmou o Coronel Alexandre Tavares, coordenador do Grupo de Trabalho (GT) de Futebol da SDS.

Após o atentado, vários clubes da Série A fizeram publicações de solidarização ao elenco do Fortaleza e por cobranças de mais segurança no futebol brasileiro. O grande rival Ceará e o próprio Sport também se posicionaram contra o atentado cometido pela organizada. 

A CBF também se posicionou sobre o caso, afirmando ser “lamentável e inadmissível iniciar mais um ano chamando a atenção para este tema gravíssimo que é o da violência fora dos estádios”. A instituição apontou ter confiança no trabalho da polícia para que que os responsáveis por estes atos sejam “punidos exemplarmente”. 

Entretanto, três dias se passaram e nenhuma ação concreta ainda foi vista, claro, cabe a polícia investigar com calma. A primeira punição foi ao Sport, que jogará de portões fechados e sem sua torcida como visitante em competições organizadas pela CBF até que haja um julgamento. 

Vale lembrar que esse ataque ao ônibus do Fortaleza, apesar de muito grave, soma-se a outros recentes de violência promovida por (supostos) torcedores. Como exemplo mais recente e de grande similaridade, uma torcida organizada do Bahia atacou o ônibus do próprio clube em 2022 e o goleiro Danilo Fernandes foi a principal vítima. Até hoje ele conta com estilhaços de vidro no corpo. 

Na ocasião, quatro envolvidos no ataque foram indiciados pela Polícia Civil (PC), mas nenhum deles segue preso. Em 2023, em meio a campanha ruim no Brasileirão, o Bahia chegou a convidar integrantes da mesma organizada para dentro do CT em uma reunião a portas fechadas. Danilo Fernandes, que foi vítima do grupo, participou. 

Que uma conclusão chegue aos dois casos, com os responsáveis verdadeiramente punidos, ou esses serão apenas um prenúncio de uma tragédia ainda maior. 

Não é mais ídolo

Poderia até ser tema da coluna de hoje a condenação do ex-jogador Daniel Alves a quatro anos e meio de prisão por agressão sexual na Espanha. O tema gerou grande repercussão nas redes sociais pelo período decretado pela Justiça espanhola e polêmica em torno dos atenuantes de pena. 

Mas o melhor recado que poderia ser dado pelos brasileiros veio da Bahia. Em Juazeiro, terra natal de Daniel Alves, moradores cobraram da prefeitura do município a retirada de uma estátua em homenagem ao ex-jogador. A prefeitura afirmou que vai aguardar o trânsito em julgado (decisão definitiva) para definir o que vai fazer sobre a estátua. A homenagem também foi vandalizada pelo menos duas vezes. 

Além disso, após a condenação, o Bahia decidiu retirar a imagem de Daniel Alves do seu museu, localizado na Arena Fonte Nova. O lateral se profissionalizou no clube baiano e saiu em 2002 para jogar no Sevilla. 



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