Um dia em alta, no outro em baixa. Como uma montanha-russa. Para quem não acompanha o futebol alemão, a ideia de que Timo Werner reencontrou a paz com o gol pode até perdurar, mas a verdade é que a falta de consistência ataca mais uma vez na carreira do jogador, agora relegado à reserva do RB Leipzig e tratado como negociável.
Não faz muito tempo que o bom recomeço de Timo Werner chamou a atenção internacional. O atacante, maior artilheiro da história do RB Leipzig (113 gols), teve duas temporadas difíceis no Chelsea, até voltar para casa e convencer: foram 16 gols e sete assistências em 2022/23, terminando como vice-artilheiro atrás apenas de Christopher Nkunku.
O bom desempenho de Werner até levou o Leipzig a abrir mão de outros dois destaques ofensivos, confiante justamente no fato de que dentro do próprio clube existia reposição à altura. Nkunku se transferiu para o Chelsea, de onde Werner saiu, e Dominik Szoboszlai foi para o Liverpool. Assim, o Leipzig perdeu seus líderes em participação em gols (31, Nkunku; 23 Szoboszlai) e apostou as fichas no terceiro melhor no quesito, Werner (21).
O plano do RB Leipzig até parecia promissor, com o conceito de Werner liderar o jovem trio que chegou para o acompanhar: Lois Openda, Benjamin Sesko e Xavi Simons. Acontece, porém, que o atacante acabou ofuscado por uma nova batalha contra o gol.
Reserva em pior início
Timo Werner está bem longe do protagonismo no Leipzig. O atacante iniciou a temporada como titular, mas bastaram dois jogos para logo se tornar reserva. Os números correm contra o atacante: são apenas dois gols em 13 jogos disputados, o pior início em 10 anos de carreira, com desempenho abaixo apenas quando tinha 17 anos, em seu primeiro ano como profissional.
O olhar para os números crus, porém, pode ser cruel para Werner. A má fase se reflete no banco de reservas, mas a minutagem dentro dos 13 jogos disputadas é baixa. Com 371 minutos em campo, o equivalente a pouco mais de quatro jogos completos, o atacante não tem tido sequer tempo suficiente para reverter a situação.
A explicação para a falta de oportunidades está justamente no trio de jovens que ele, teoricamente, capitanearia no setor ofensivo. O artilheiro da temporada do Leipzig é o belga Lois Openda. O jogador chegou com a pompa de contratação mais cara do clube, 38 milhões de euros, e vem correspondendo com 11 gols até aqui. Outro nome de influência positiva é Xavi Simons, emprestado pelo PSG, que soma seis gols e nove assistências.
Mesmo a concorrência com quem vem do banco de reservas, como é o caso de Benjamin Sesko, é difícil para Werner. O jovem esloveno, de 20 anos, também é mais reserva do que titular, porém é o vice-artilheiro do clube na temporada e o atacante que menos precisa de minutos em campo para marcar (91), contra mais que o dobro de Werner (185).
“Nós analisamos com cuidado nosso elenco, e queremos jogadores que tenham algo diferente em suas cabeças. Esse tipo de jogadores que vamos escolher. Timo (Werner) está passando por um momento difícil e nós vamos prestar suporte à ele. A vida não é sempre um dia ensolarado”, declarou Rouven Schroder, cartola do Leipzig.
“Se ele tem a ideia de que quer fazer algo diferente, então nós vamos lidar com isso. Ele é parte de nosso time, portanto tem de brigar por seu espaço”, completou.
Dado o contexto, a partir da reserva, insatisfação e concorrência dentro do clube, uma saída de Timo Werner pouco mais de um ano depois de seu retorno passou a ser considerada na Alemanha. Um dos clubes interessados seria o Newcastle, com possibilidade de avançar por um negócio já no mercado de transferências de janeiro.
A questão para Werner parece ser um pouco similar ao que aconteceu no Chelsea: ficar, reencontrar o bom futebol e reconquistar sua confiança, ou respirar novos ares até um novo looping na montanha-russa? No final das contas, a estabilidade só chegará junto da consistência.
