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Futebol italiano passa a mão em Acerbi após denúncia de racismo; Juan Jesus é enfático



Internazionale e Napoli faziam em Milão o que prometia ser o jogo mais esperado da rodada 29 da Serie A. Foi quando o zagueiro brasileiro Juan Jesus pediu para parar o jogo e chamou o árbitro Federico La Penna para acusar Francesco Acerbi de racismo. O caso ganhou novos contornos nesta segunda-feira. 

Na hora, os jogadores pareciam ter se entendido. Com um pedido de desculpas de Acerbi, o jogo voltou e Juan, inclusive, marcou, já perto do fim, o gol do empate em 1 a 1. Ambos jogaram os 90 minutos. 

As declarações de pós-jogo não elucidaram o caso. Mas o dia seguinte deixou muito mais claro que a luta contra o racismo no futebol europeu está longe de ganhar o apoio das grandes associações. 

Umberto Calcagno, presidente da Associação Italiana de Futebolistas, foi um dos primeiros a passar a mão na cabeça de Acerbi, embora tente apaziguar e usar palavras em vão para falar sobre a “luta contra o racismo”. 

“Ele (Acerbi) se desculpou logo e as desculpas foram aceitas. Todos devemos entender que algumas coisas que acontecem em campo não têm justificativas, mas o erro foi reconhecido. O Acerbi sempre foi uma referência no nosso mundo”, disse Calcagno, que quase faz do culpado uma vítima de toda a situação. 

Corte da seleção para “preservar a própria imagem”

Mais tarde, Acerbi, que viajou para Roma para se apresentar para a seleção italiana, foi cortado da lista. Segundo a federação, para preservar ambos: tanto o atleta, contra a Azzurra. O discurso foi endossado pelo técnico Luciano Spalletti, que passou a mão na cabeça do jogador. 

“Não gostaria de estar nessa posição, porém temos essa responsabilidade pela nossa seleção. Pelo que o Francesco me disse, o que ele disse não foi nada racista. É claro que não gostaria de me encontrar nessa posição e defender os jogadores por coisas que lhe são atribuídas gratuitamente. Nós temos que estar atentos ao nosso comportamento, com tudo o que dizemos e fazemos, especialmente quando fazemos parte da seleção”, disse o técnico. 

Se foi afastado da seleção para preservar a própria imagem, Acerbi também não sofrerá nenhuma punição por parte da Inter. O clube disse que irá discutir o fato internamente com o jogador e que “nenhuma multa é esperada”. 

Acerbi, por sua vez, no retorno para Milão, falou com jornalistas no desembarque e manteve a versão que não proferiu nenhuma palavra racista e adotou o discurso de que o outro lado “entendeu errado”. 

“Nunca disse nenhuma frase racista, estou muito tranquilo. Sou profissional há 20 anos e sei o que faço. Estou dizendo, nenhuma palavra racista saiu da minha boca. Foi ele quem entendeu errado”, se defendeu o italiano. 

Juan é enfático 

Juan Jesus resolveu se pronunciar depois de ouvir as declarações de Acerbi. O brasileiro não apenas confirmou que foi vítima de racismo, como também expôs as palavras que o defensor rival teria proferido. 

“Para mim o assunto foi encerrado ontem em campo, com as desculpas de Acerbi. Sinceramente, preferiria não ter voltado a comentar sobre algo tão vil como o que sofri. Hoje, porém, li as declarações de Acerbi, que estão totalmente em desacordo com os fatos, com o que ele mesmo disse ontem em campo e com as evidências inequívocas reproduzidas em vídeos e na leitura labial, na qual é possível perceber que ele me pede desculpas”, começou por dizer Juan, em publicação nas redes sociais. 

“Acerbi me disse ‘se mande, negro, você é só um negro’. Após minha reclamação com o árbitro, ele admitiu que havia cometido um erro e me pediu desculpas, acrescentando ainda: ‘Para mim, negro é um insulto como qualquer outro’. Hoje ele mudou de versão e afirma que não houve insulto racista”, completou o brasileiro. 

Também através das redes sociais, o Napoli ficou ao lado do brasileiro. “O tempo da indiferença acabou. Não ao racismo”, escreveu o clube. Mesma instituição acusada de racismo por um de seus jogadores (Osimhen – clique aqui para relembrar o caso), e da qual o presidente já disse não querer mais contratar jogadores africanos. A defesa por parte dos clubes e das instituições é seletiva. 

O Ministério Público Federal da Itália analisa o caso sob a violação do artigo 28º, que fala de “comportamento discriminatório”. A pena desportiva para Acerbi, além de multa, começa com o afastamento em dez jogos, e pode ir além. Mas quem realmente acredita que haverá punição severa? 



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