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A transição defensiva e o grande Calcanhar de Aquiles do Vasco de Ramón Díaz


Seja no 4-2-4 ou no 5-3-2, atravs de jogo de posio ou jogo funcional, respeitando as diversas formas de ver o futebol. Acreditando sempre na beleza do jogo, e nas diversas interpretaes do mesmo. Falo de ttica tentando fugir do professoral, mas sempre buscando ir alm. Como em uma conversa de bar. Sem espao para a saideira.

Léo Jardim foi convocado nesta semana para a seleção brasileira de Dorival Júnior. A convocação vem depois de duas atuações de muito destaque em duelos em que o Vasco apresentou uma defesa permissiva. O trabalho de Ramón Díaz em 2024 tem um Calcanhar de Aquiles claro: a transição defensiva. 

Na análise quantitativa, os números não enganam: Léo Jardim fez incríveis 22 defesas nos últimos dois jogos. Não foram duelos contra grandes potências. Foram encontros com times que devem jogar a Série D este ano: Água Santa e Nova Iguaçu. 

Contra a equipe de Diadema, o Vasco sofreu na Copa do Brasil e só avançou, após empate em 3 a 3 no tempo normal, nos pênaltis. Foram 12 arremates do time paulista ao longo do duelo e muito trabalho para Léo Jardim, que fez sete defesas. Mas nada que não pudesse piorar… 

No jogo seguinte, contra o Nova Iguaçu, empate em 1 a 1. Mas a equipe da Baixada Fluminense finalizou incríveis 24 vezes, 15 delas no alvo, três delas no poste, e foram 11 arremates na área vascaína. O XP do Nova Iguaçu foi de 3.36 (estatística de gols esperados de uma equipe baseada em probabilidades de acordo com as zonas de finalização). 

Ainda usando os números, antes de entrar na análise qualitativa, um detalhe é importante: em ambos os jogos, o Cruz-Maltino teve mais de 60% de posse de bola. Com a bola em menos de 40% do tempo, as equipes conseguiram ameaçar com frequência o time de Ramón Díaz. Ou seja, não precisaram de muitos passes para isso. 

Quando vemos os lances ofensivos mais agudos dos adversários vascaínos (e não apenas nos dois jogos citados), fica claro o que os números querem dizer: o grande problema do time é a transição defensiva. Não apenas a lentidão na transição, mas também o preenchimento dos espaços em campo. 

O Vasco, de Ramón Díaz, variou nos últimos dois jogos entre o 4-1-4-1 e o 3-5-2. O esquema com dois homens avançados foi usado contra o Nova Iguaçu, com a estreia de Clayton Silva. Diante do Água Santa, o 3-6-1 também foi usado. 

Na fase defensiva, seja qual for a escolha de esquema base, o Vasco defende com uma linha de cinco, três homens no meio e dois jogadores sem tanto compromisso defensivo. Quando Vegetti é o único atacante, Payet fica adiantado com o argentino na fase defensiva. Com Clayton e Vegetti, o time perdeu um jogador de maior combatividade no meio, já que Payet, apesar de tentar recompor na linha de três meias, não tem a mesma intensidade para defender e atacar em velocidade várias vezes ao longo da partida. 

A entrada de Galdames no meio, também, tirou muito da combatividade e da agressividade na marcação no setor. Embora vá bem na fase ofensiva, com excelente visão de jogo, o chileno não tem a mesma intensidade nos momentos sem bola, e recompõe de forma mais lenta. Nos últimos dois jogos, Zé Gabriel, também, cometeu muitos erros posicionais, o que deixou um buraco muito grande entre a linha de três zagueiros e os volantes (como mostram as imagens abaixo – ambos os lances terminaram em gol).

 

Uma estatística nos ajuda a clarificar ainda mais isso: 49% dos ataques do Água Santa foram pelo corredor central. O Nova Iguaçu concentrou ainda mais seu jogo pelo meio: 76% dos ataques foram no centro. 

Além do buraco que fica entre os zagueiros e os volantes, seja por erros posicionais ou por falta de intensidade, atenção e foco, outro movimento que compromete a fase defensiva vascaína em alguns momentos é o de antecipação de Medel em alguns lances. O chileno, que joga como um “líbero”, se adianta em alguns momentos para dar o bote em zona mais adiantada, a zona do tal “buraco”. Só que a cobertura é pouco ou nada eficiente, o que gera outro espaço aberto a ser atacado pelos rivais (um gol do Volta Redonda expôs bem isso – veja na sequência abaixo).

Medel sobe para tentar dar o combate

atacante sai da esquerda e ataca o espaço no meio

cobertura não acompanha, e atacante fica livre para marcar de cabeça

Ramón Díaz tem uma semana para preparar o time do Vasco para o jogo de volta, contra o Nova Iguaçu. O treinador prometeu a vaga na decisão do Campeonato Carioca. Tem cacife para isso. E tem, também, time para isso, embora ainda precise da peça que mais pediu para a diretoria mês passado: um primeiro volante (fica clara a necessidade do técnico).

O argentino ainda tem tempo para reverter o quadro, já que tais erros podem ser ainda mais fatais em um contexto competitivo mais elevado. Por enquanto, as falhas podem ser perdoadas por rivais de divisões diferentes. 



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