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Com mercado 'morto' na Inglaterra, Brasil só fica atrás da França na janela de janeiro



Aproveitando um mercado “morto” na Inglaterra, e batendo recordes internos, os clubes do Brasileirão ficaram atrás apenas da Ligue 1 em valores gastos na janela de transferências do início do ano. 

Na Europa, a janela “de inverno” geralmente é mais de correções de rota do que de altos investimentos. Esse ano, não foi diferente. Ainda assim, nunca os brasileiros investiram tanto, e tampouco estiveram tão bem colocados. Muito por conta do pouco investimento feito por clubes britânicos. 

O mercado morto na Inglaterra

Depois de bater o recorde de investimento na última janela de inverno, quando beirou a marca do bilhão de euros investidos, os clubes da Premier League colocaram um pé no freio nesta janela de janeiro. Segundo dados do site Transfermarkt, os britânicos gastaram perto dos 120 milhões de euros. Antes do deadline day, eram menos de 90 milhões. 

O quadro foi bem diferente ano passado, muito por conta, é bem verdade, da reformulação que viveu o Chelsea. Só os Blues superaram os 300 milhões de euros com novos jogadores, impulsionados pela compra de Enzo Fernández, junto ao Benfica, por 121 milhões, e pela chegada de Mudryk do Shakhtar, por 70 milhões. 

Nessa nova janela, os britânicos foram mais austeros. O maior negócio envolveu a ida do zagueiro romeno Radu Drăgușin ao Tottenham, por 25 milhões de euros de imediato. Fora a promessa argentina Claudio Echeverri, comprado pelo City por 14.5 milhões de euros, nenhum outro jogador rompeu a barreira dos dez milhões. 

Desde a década de 1990, com a criação da Premier League, a Inglaterra foi soberana nos investimentos no mercado de transferências e tradicionalmente sempre investiu pesado. Ainda no fim do século passado os ingleses romperam a marca de 100 milhões de euros em investimentos. Além deles, apenas os italianos o fizeram na janela de inverno no século XX. 

Investimento recorde no Brasil 

Como já abordamos em matéria anterior, os clubes do Brasileirão aproveitaram o boom de receitas diversas para conseguir um investimento recorde nessa janela. Patrocínios milionários e pioneiros, a antecipação da receita de direitos de transmissão e o início do investimento das SAFs no país foram alguns fatores que impulsionaram o alto investimento das equipes do Brasileirão. 

Mesmo equipes da Série B, como América, Santos e Sport, por exemplo, apostaram em contratações milionárias. Nesta matéria, entretanto, vamos tratar dos clubes da elite do futebol nacional. Falando sempre em valores absolutos, sem contar, por exemplo, bônus que poderão, ou não, ser alcançados no futuro. 

Na atual janela de transferências, os clubes brasileiros chegaram a R$ 785 milhões investidos em reforços. São 147 milhões de euros gastos até o momento, valor nunca antes alcançado por clubes do Brasileirão. 

O ponta Luiz Henrique, contratado junto ao Betis pelo Botafogo, pode se tornar a compra mais cara da história do futebol brasileiro. O clube de General Severiano pagou, de forma fixa, 16 milhões de euros pelo atleta, e ainda pode desembolsar outros quatro milhões em bônus. O valor total do negócio supera os R$ 100 milhões. 

Outro negócio que entrou no top das contratações mais caras da história do país foi a compra de Nicolás De La Cruz, que deixou o River Plate e assinou com o Flamengo por 14,5 milhões de euros.

O Brasileirão ficou atrás apenas da Ligue 1, da França, que superou os 190 milhões de euros investidos. Foi a primeira vez que a liga brasileira ficou em segundo entre as ligas que mais investiram na janela de transferências de janeiro. Premier League (119 milhões), Serie A (101 milhões) e Bundesliga (82 milhões) fecham o top 5. 

A liderança da Ligue 1 tem um pouco a ver com o Brasil, também: as duas contratações mais caras foram do PSG, e vieram do Brasileirão: Gabriel Moscardo e Beraldo custaram 40 milhões de euros, 20 cada. O meia, porém, só vai jogar na França no meio do ano. 

Apesar de La Liga não ter ficado no top 5, aparecendo apenas em sexto no ranking, foi do Barcelona a contratação mais cara da janela de janeiro, e envolvendo também um brasileiro: Vitor Roque foi comprado junto ao Athletico por 40 milhões de euros. 

As três vendas ajudaram a colocar o Brasil como a liga que mais faturou com a venda de jogadores: no total, os clubes brasileiros conseguiram 195 milhões de euros com a venda de jogadores. A Liga Argentina vem em segundo, com 129 milhões, seguida da Serie A da Itália, com 127. 

Investimentos pontuais ao longo dos anos

Antes de 2024, o Brasil havia superado os 100 milhões de euros em investimento apenas uma vez: em 2020, com 113 milhões de euros gastos, impulsionados pelos mais de 40 milhões de euros que o Flamengo gastou com Gabigol, Gerson, Michael e Léo Pereira. Nesse ano, porém, Premier League, Serie A e Bundesliga superaram os 200 milhões em investimentos, e La Liga e Ligue 1 também ficaram na frente do Brasil. 

Ao longo do século, o Brasileirão teve momentos de destaque no ranking devido a contratações pontuais. Em 2012, por exemplo, ficou em terceiro, com 58 milhões de euros investidos. Nesse ano, o Fla acertou com o CSKA a compra de Vágner Love por dez milhões de euros. No ano seguinte, o Corinthians investiu 15 milhões de euros em Alexandre Pato, e o Brasileirão ficou em quinto, com 59 milhões, atrás de Ligue 1, Premier League Russa, Serie A e Premier League, as três últimas superando os 100 milhões. 

O investimento da MSI fez o Corinthians beirar os 30 milhões de euros em reforços em 2005. 15 milhões foram gastos para trazer Carlitos Tevez, contratação recorde no Brasil até então (pouco mais de R$ 60 milhões na época). Carlos Alberto custou 10 milhões. O Brasileirão ficou em terceiro neste ano, melhor posição por muito tempo, atrás da Liga Russa e da Premier League Inglesa. 

Na década de 1990, negócios milionários como os de Romário, do Barcelona para o Flamengo, e Edmundo, da Fiorentina ao Vasco, certamente colocaram os clubes brasileiros no top 5, mas os dados são mais escassos e menos assertivos. 

Domínio inglês, Rússia e China como ameaças temporárias

Ao longo do século, o mercado de transferências foi dominado pelo investimento da Premier League, que já beirou o bilhão de euros investidos em uma janela de inverno, como citamos anteriormente. 

Já no início do século, Premier League, Bundesliga, Serie A e La Liga começaram no topo da pirâmide, algo que seria regra por muitos anos. Mas há algumas ligas intrusas, como foi o Brasil em 2024. 

Entre 2003 e 2013, a Premier League da Rússia duelou lado a lado com os ingleses pelos maiores investimentos em janeiro, chegando a superar os britânicos e ficar no topo dos maiores investimentos. 

Outro mercado alternativo que também superou a Inglaterra, embora com uma vida mais curta, foi o chinês. O boom do investimento estatal no futebol na China foi em 2014, quando a Superliga local ficou em terceiro, com 75 milhões de euros. Mas não parou por aí: em 2016 e 2017, a Superliga ficou no topo do ranking, investindo 347 milhões e mais de 400 milhões de euros, respectivamente. 

Em 2016, inclusive, o Brasileirão chegou a ficar atrás em investimento da segunda divisão chinesa. Mas o alto investimento chinês durou até a janela de inverno de 2019, quando o país superou, pela última vez, os 100 milhões de euros investidos. 

Em 2019, a Liga MX, do México, investiu 121 milhões e ficou em quarto. Na América do Norte, a MLS também superou a barreira dos 100 milhões em 2022. Brasil, China, Estados Unidos e México são os únicos países fora da Europa a alcançar mais de 100 milhões de euros em uma janela de transferências em janeiro. 

Se contarmos a janela do meio do ano, claro, os mercados árabes, principalmente com Arábia Saudita, mas também com Catar, já romperam tal barreira. Na última janela do meio do ano, por exemplo, os sauditas ficaram perto da marca de 1 bilhão de euros gastos com novos jogadores. Mas isso é uma outra conversa… 



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