Stephen Gillett, Richard Cole e Alex Lawes adicionam um pouco de “Molho Ingls” para oGol. A coluna dedicada ao futebol ingls – seja no cenrio de clubes ou seleo. Do “Dog and Duck” a Wembley, de Gazza a Wazza, o Playmaker pretende trazer-lhe novos ngulos sobre as histrias que importam.
Na manhã da última sexta-feira (26), o treinador do Liverpool, Jurgen Klopp, fez um dos anúncios mais chocantes da temporada: deixará o clube ao fim de 2023/24.
O anúncio surpreendente ocorre apenas dias depois do Liverpool confirmar a presença na final da Copa da Liga, ao vencer o Fulham. Mal houve tempo para comemorar a disputa de mais uma decisão. O momento é de muita tristeza para os torcedores do Liverpool, que se preparam para entrar em uma nova era, repleta de incertezas.
Quando Klopp foi contratado, o Liverpool havia terminado no G4 em apenas uma ocasião nas seis temporadas anteriores e havia conquistado apenas quatro troféus em mais de 13 anos, a maioria de menor porte. Para um clube tão repleto de conquistas como os Merseysiders, era um período de seca, e um título do principal campeonato inglês não vinha desde 1990.
Klopp certamente deixou sua marca. Ele pode muito bem ser lembrado por ter um impacto tão grande no futebol inglês quanto Arsene Wenger. Ele, ao lado de Guardiola, ajudou a impulsionar a Premier League, em um período em que os clubes ingleses tinham sido relegados a coadjuvantes na Europa. Com a dupla, voltaram a desafiar o domínio espanhol e se transformaram na força dominante e mais temida na Liga dos Campeões.
A implementação de um estilo de futebol rápido e agressivo ao pressionar foi capaz de combater e competir com um dos maiores esquadrões de todos os tempos, o Manchester City de Pep. É um estilo de futebol que deixou o espectador neutro muitas vezes sem fôlego e transformou o clube, que precisava desesperadamente ser agarrado pela nuca e moldado de volta ao gigante que sempre foi.
O ex-técnico do Mainz e do Borussia Dortmund deixará um vazio para toda a liga preencher, não apenas o Liverpool. Não apenas pelo futebol, mas por sua forte presença, carismática, mas muitas vezes também franca e ríspida. Nunca indiferente e sempre um tópico de conversa e discussão.
Durante o tempo de Klopp no clube, o Liverpool conquistou o título da liga pela primeira vez em 30 anos (o primeiro no modelo moderno) e adicionou uma sexta Liga dos Campeões à coleção de troféus, além de chegar a outras duas finais do principal torneio europeu (e uma da Liga Europa). Os Reds se tornaram campeões mundiais em 2019 e também venceram uma Copa da Inglaterra e uma Copa da Liga.
Klopp pode se despedir com mais troféus. Até quatro, na realidade. Afinal, o Liverpool busca um “quadrúplo” improvável. O time encara o Chelsea na final da Copa da Liga, em Wembley, no final de fevereiro, e está garantido na quinta fase da Copa depois de eliminar o Norwich de David Wagner, padrinho de casamento de Guardiola.
O que poderia ser um final romântico para uma história genuinamente romântica em um dos clubes mais tradicionais da Inglaterra, com uma identidade profunda, seria uma final da Liga Europa em Dublin. Potencialmente contra o líder da Bundesliga, Bayer Leverkusen, treinado pelo ex-meio-campista do Liverpool, Xabi Alonso; um candidato forte para substituir Klopp no comando em Anfield.
Foram quase nove anos de uma jornada incrível para os Reds, e mesmo para o espectador neutro. Um momento de tristeza para os torcedores, que ao menos poderão se despedir com uma certeza. A nova era começará em um lugar muito melhor do que quando Klopp assumiu o comando em Anfield.
