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Os brasileiros e a vitória do sul da África em uma não tão superliga



Luz aos esquecidos, onde aqueles andarilhos do futebol vo parar. Onde as traves esto desalinhadas e o campo mal demarcado. Onde os cachorros invadem o gramado e o VAR no foi convidado. Onde?

Parece o Brasil, mas não é. São Os Brasileiros, ou melhor, “The Brazilians”. É o Mamelodi Sundowns, um clube sul-africano que se veste de seleção brasileira e que venceu o que seria a primeira Superliga Africana, mas que da megalomania à realidade se converteu em Africa Football League.

Foi há exatamente uma semana. O Mamelodi Sundowns conseguiu a remontada contra os favoritos do Wydad, do Marrocos, que haviam vencido o jogo de ida por 2 a 1. Na volta, em Pretória, na África do Sul, os brasileiros conseguiram vencer por 2 a 0 e levaram o título pelo placar agregado.

A conquista do Sundowns é histórica e representativa por diferentes fatores. O ineditismo por ser a primeira edição da AFL, mas também por representar a vitória do sul da África, a África subsariana, que raras vezes tem capacidade de competir com o norte (região mais rica e desenvolvida) do continente.

A competição surgiu com uma proposta robusta, uma promessa de ser “super” e um produto com potencial para substituir a Liga dos Campeões Africana. A ideia era comportar mais times (24), e conseguir receitas na casa das centenas de milhões, com um controverso apoio milionário da Arábia Saudita. Nada disso aconteceu e, até por isso, o “super” saiu do nome e ficou mais modesto, só o Africa Football League mesmo.

A Africa Football League foi disputada como tiro-curto, num intervalo de datas de pausa da própria Champions, entre o final de outubro e o início de novembro. Oito times participaram com representantes da Tanzânia (Simba), Angola (Petro de Luanda), Congo (Mazembe), Nigéria (Enyiamba), África do Sul (Sundowns), Egito (Al-Ahly), Tunísia (Espérance Tunis) e Marrocos (Wydad).

A AFL arrancou logo nas quartas de final, e os favoritos da África Árabe, do norte do continente, avançaram todos: Al-Ahly, Espérance Tunis e Wydad. Logo, restou apenas o Mamelodi Sundowns, que passou na primeira eliminatória pelos angolanos do Petro, na segunda foi azarão vitorioso contr ao Al-Ahly e acabou como campeão sobre o Wydad.

Até o século passado, o Mamelodi Sundowns não era um grande protagonista na África do Sul. O clube já nutria tradição nacional, mas abaixo dos dois grandes rivais do país: Orlando Pirates e Kaiser Chiefs. Os Brasileiros acabaram comprados em 2004 por Patrice Motsepe, homem mais rico do país, um bilionário do ramo da mineração, que mudou os rumos do clube.    

O Sundowns é, indiscutivelmente, o clube mais vitorioso da África do Sul neste século. Levou oito dos 23 campeonatos disputados, contra quatro do Kaiser Chiefs e três dos Pirates. É o único sul-africano campeão da Champions League neste século e, agora, o primeiro vencedor da Africa Football League, uma competição que o próprio bilionário Motsepe ajudou a criar.

A concepção da tal superliga começou em 2019 e ganhou respaldo três anos depois de Motsepe, que além de dono do Sundowns, é presidente da Confederação Africana de Futebol. Após assumir o cargo, o bilionário passou a presidência do clube para o filho. Ou seja, diferente da fracassada superliga europeia, que caiu pela falta de apoio da Uefa, a Africa Football League nasceu de dentro da própria CAF, mas ainda passa longe de ter a relevância de uma Liga dos Campeões Africana.  

Se esse título inédito vai entrar, no futuro, para uma lista relevante de grandes conquistas dos brasileiros, ou se tornará rapidamente um título estranho e esquecido como uma Copa Suruga, apenas o tempo dirá. A relevância se dá com história, não apenas promessas e dinheiro.



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